segunda-feira, 26 de julho de 2010

Reflexões!!

Sobre o amor!

Não existe um investimento seguro. Amar é ser vulnerável. Ame qualquer coisa e seu coração irá certamente ser espremido e possivelmente partido. Se quiser ter a certeza de mantê-lo intacto, não deve dá-lo a ninguém, nem mesmo a um animal. Envolva-o cuidadosamente em passatempos e pequenos confortos, evite todos os envolvimentos, feche-o com segurança no esquife, ou no caixão do seu egoísmo. Mas nesse esquife -- seguro, sombrio, imóvel, sufocante ¿ ele irá mudar. Não será quebrado, mas vai tornar-se inquebrável, impenetrável, irredimível. O único lugar fora do céu onde você pode manter-se perfeitamente seguro contra todos os perigos e perturbações do amor é o inferno.

Sobre a Amizade

Essas são as reuniões de ouro - quando quatro ou cinco de nós depois de um dia cansativo entramos na estalagem; quando calçamos os chinelos, estendemos os pés para o fogo, com uma bebida ao lado; enquanto o mundo inteiro, e algo além do mundo, abre-se para as nossas mentes quando conversamos; e ninguém têm nada a reivindicar nem qualquer responsabilidade em relação a quem quer que seja, mas todos são igualmente homens livres e iguais como se tivéssemos nos encontrado pela primeira vez há uma hora, enquanto ao mesmo tempo uma afeição temperada pelo tempo nos envolve. A vida - a vida natural - não possui dom melhor a ofertar. Quem seria digno de merecê-lo? C.S. Lewis

Sobre a humildade

Não pense que uma pessoa realmente humilde seja o que a maioria das pessoas chama de "humilde" hoje em dia; não é um tipo escorregadio e bajulador que está sempre a dizer que não é ninguém. Provavelmente a impressão deixada por quem seja verdadeiramente humilde é que se trata de alguém muito alegre e inteligente, tendo demonstrado um grande interesse pelo que você the contou. Se você não gostou dele, é porque você tem um pouco de inveja de quem quer que pareça gozar a vida tão facilmente. Ele não é do tipo que pensa em humildade; aliás não chega nem mesmo a pensar em si próprio. A quem queira adquirir a humildade, acho que posso ensinar-the o primeiro passo. É compreender que somos orgulhosos. E este é também um passo enorme. Bem, ao menos nada, nada mesmo, pode ser feito antes disso. Se pensamos que não somos orgulhosos é sinal de que, na realidade, somos muito orgulhosos. (C.S. Lewis, Mero Cristianismo)


Um poema A Prece Vespertina do Apologista C.S. Lewis

De todas as minhas pobres derrotas e oh! de muito mais eu sei, De todas as vitórias que aparentemente conquistei, Da sagacidade que em teu favor demonstrar consegui, À qual, enquanto pranteiam anjos, o auditório ri; De todos os meus esforços, para a tua divindade provar, Tu, que não concedeste um sinal, vem me livrar. Pensamentos como moedas são. Que eu não confie, em lugar De confiar em Ti, na imagem gasta de tua face neles a brilhar. Dos pensamentos todos, até os que de acerca de Ti venha a ter, Ó tu, Belo Silêncio, cai e vem libertar meu ser. Do fundo da agulha e da estreita porta o Senhor, Livrar-me vem do vão saber para a morte não ser meu penhor.

Sobre Milagres

Você está provavelmente certo em pensar que jamais verá um milagre. Está provavelmente certo também em pensar que houve uma explicação natural para tudo em sua vida passada que à primeira vista pareceu "estranho". Deus não sacode milagres sobre a natureza ao acaso, como se usasse um saleiro. Eles surgem nas grandes ocasiões: sendo encontrados nos grandes centros de força da história não da história política ou social, mas da espiritual que não pode ser plenamente conhecida pelos homens. Se a sua vida não se acha próxima de um desses grandes centros, como poderia esperar observá-los? Se fôssemos missionários heróicos, apóstolos ou mártires, a coisa seria diferente. Mas, por que você ou eu? A não ser que você viva perto de uma estrada de ferro, não verá os trens passarem pela sua janela. Qual a probabilidade de um de nós presenciarmos a assinatura de um tratado de paz, de estar presente a uma grande descoberta científica ou quando um ditador comete suicídio? Que vejamos um milagre é ainda menos provável. Nem estaremos ansiosos para isso. "Quase nada vê os milagres senão a miséria." Os milagres e os martírios tendem a aglomerar-se nas mesmas áreas da história cujas áreas não desejamos freqüentar. Aconselho você, com toda sinceridade, que não exija uma prova ocular a não ser que esteja perfeitamente certo de que isso não acontecerá. (C.S. Lewis)

terça-feira, 13 de julho de 2010

Armadilha de Saber Demais


Por Jim Mathis

Ted DeMoss, presidente emérito do CBMC, ocasionalmente comentava que determinada pessoa tinha “uma formação acima de sua inteligência”. Era sua maneira bem-humorada de descrever alguém que sabia muito mas pensava pouco. Em outras palavras, ele acreditava que conhecimento não trabalhado, poderia ser perigoso se usado descuidadamente.

Tenho visto isso em mim mesmo. No início de minha carreira abri um negócio de revelação de fotos. Não sabia absolutamente nada sobre revelação. Portanto, tinha que pensar cuidadosamente em tudo e descobrir tudo por mim mesmo, confiando no meu coração e minha intuição (hoje sei que aquilo era sabedoria vinda de Deus e não qualquer conhecimento real que eu tivesse). Essa abordagem intuitiva levou a soluções criativas, que fizeram meu estúdio destacar-se entre os concorrentes, resultando em grande sucesso comercial.

Anos mais tarde engajei-me em outro projeto. Eu me sentia muito bem preparado e apliquei as mesmas regras dos concorrentes. Apesar de ter adquirido mais conhecimento sobre a profissão, o negócio não era mais bem sucedido do que outros do mesmo ramo. Olhando em retrospecto, estou certo que isso se devia ao fato de não ter sido forçado a ser criativo na busca de novas e melhores maneiras de fazer as coisas. Nós confiamos em nosso conhecimento e nas práticas do nosso ramo. Aparentemente eu sabia demais, mas isto não me beneficiava.

Parece contraditório. Era de se esperar que quanto mais conhecimento sobre alguma coisa melhor. Mas as coisas nem sempre funcionam assim. Tomemos, por exemplo, Steve Jobs, a força criativa por trás dos computadores Apple. Duvido que ele tivesse iniciado a empresa se viesse de uma experiência com IBM, que usava abordagem diferente na solução de problemas tecnológicos. A falta de experiência em computadores de Jobs levou-o a pensar de maneira inteiramente nova, às vezes não ortodoxa, mas que se mostrou muito produtiva.

Na esfera espiritual somos exortados a confiar em Deus e não em nosso próprio conhecimento:“Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apóie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e Ele endireitará as suas veredas” (Provérbios 3.5-6). Isso às vezes é difícil para veteranos do mundo empresarial e profissional, porque estão acostumados a buscar soluções tangíveis e mensuráveis para os problemas, em vez de agir pela fé. Contudo, é exatamente isto que Deus pede aos Seus seguidores.

Antes do período renascentista, do século XIV ao XVII, supunha-se que as pessoas eram essencialmente iguais. Se alguém fosse capaz de produzir algo na arte, na música ou na literatura, se devia a algum dom sobrenatural. Dizia-se que a pessoa “tinha” um gênio – habilidade divinamente conferida – e não que “era” um gênio. No Renascimento, entretanto, o pensamento humanista concluiu que o homem possuía criatividade própria, sem precisar de ajuda ou intervenção sobrenatural. Creio que esta linha de pensamento seja incorreta.

A Bíblia afirma que Deus concede ou não, dons e habilidades especiais. Assim, não deveríamos atribuir a nós mesmos demasiado crédito por possuí-los, nem nos sentirmos inferiores se não tivermos os dons que desejamos. Deus proporcionou a cada um de nós dons e talentos específicos, mesmo quando estes chegam até nós sob formas que não nos pareçam um dom. Se confiarmos Nele e em Sua direção, e não em nosso próprio conhecimento e entendimento, vamos nos descobrir usando e apreciando plenamente as habilidades exclusivas que Ele concedeu a cada um de nós.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Rir é o melhor remédio

Um dia, no Éden, naquelas conversas de fim de tarde com o Criador, o assunto gira em torno de Eva, formada das costelas do homem. A certa altura, Adão pergunta:

— Senhor, por que a fizeste tão linda?

— Foi para que você a amasse — responde o Senhor.

— Mas por que a fizeste tão burra?

— Foi para que ela amasse você.

sábado, 3 de julho de 2010

Sobre a morte e o morrer


Rubem Alves


O que é vida? Mais precisamente, o que é a vida de
um ser humano? O que e quem a define?



Já tive medo da morte. Hoje não tenho mais. O que sinto é uma enorme tristeza. Concordo com Mário Quintana: "Morrer, que me importa? (...) O diabo é deixar de viver." A vida é tão boa! Não quero ir embora...

Eram 6h. Minha filha me acordou. Ela tinha três anos. Fez-me então a pergunta que eu nunca imaginara: "Papai, quando você morrer, você vai sentir saudades?". Emudeci. Não sabia o que dizer. Ela entendeu e veio em meu socorro: "Não chore, que eu vou te abraçar..." Ela, menina de três anos, sabia que a morte é onde mora a saudade.

Cecília Meireles sentia algo parecido: "E eu fico a imaginar se depois de muito navegar a algum lugar enfim se chega... O que será, talvez, até mais triste. Nem barcas, nem gaivotas. Apenas sobre humanas companhias... Com que tristeza o horizonte avisto, aproximado e sem recurso. Que pena a vida ser só isto...”

Da. Clara era uma velhinha de 95 anos, lá em Minas. Vivia uma religiosidade mansa, sem culpas ou medos. Na cama, cega, a filha lhe lia a Bíblia. De repente, ela fez um gesto, interrompendo a leitura. O que ela tinha a dizer era infinitamente mais importante. "Minha filha, sei que minha hora está chegando... Mas, que pena! A vida é tão boa...”

Mas tenho muito medo do morrer. O morrer pode vir acompanhado de dores, humilhações, aparelhos e tubos enfiados no meu corpo, contra a minha vontade, sem que eu nada possa fazer, porque já não sou mais dono de mim mesmo; solidão, ninguém tem coragem ou palavras para, de mãos dadas comigo, falar sobre a minha morte, medo de que a passagem seja demorada. Bom seria se, depois de anunciada, ela acontecesse de forma mansa e sem dores, longe dos hospitais, em meio às pessoas que se ama, em meio a visões de beleza.

Mas a medicina não entende. Um amigo contou-me dos últimos dias do seu pai, já bem velho. As dores eram terríveis. Era-lhe insuportável a visão do sofrimento do pai. Dirigiu-se, então, ao médico: "O senhor não poderia aumentar a dose dos analgésicos, para que meu pai não sofra?". O médico olhou-o com olhar severo e disse: "O senhor está sugerindo que eu pratique a eutanásia?".

Há dores que fazem sentido, como as dores do parto: uma vida nova está nascendo. Mas há dores que não fazem sentido nenhum. Seu velho pai morreu sofrendo uma dor inútil. Qual foi o ganho humano? Que eu saiba, apenas a consciência apaziguada do médico, que dormiu em paz por haver feito aquilo que o costume mandava; costume a que freqüentemente se dá o nome de ética.

Um outro velhinho querido, 92 anos, cego, surdo, todos os esfíncteres sem controle, numa cama -de repente um acontecimento feliz! O coração parou. Ah, com certeza fora o seu anjo da guarda, que assim punha um fim à sua miséria! Mas o médico, movido pelos automatismos costumeiros, apressou-se a cumprir seu dever: debruçou-se sobre o velhinho e o fez respirar de novo. Sofreu inutilmente por mais dois dias antes de tocar de novo o acorde final.

Dir-me-ão que é dever dos médicos fazer todo o possível para que a vida continue. Eu também, da minha forma, luto pela vida. A literatura tem o poder de ressuscitar os mortos. Aprendi com Albert Schweitzer que a "reverência pela vida" é o supremo princípio ético do amor. Mas o que é vida? Mais precisamente, o que é a vida de um ser humano? O que e quem a define? O coração que continua a bater num corpo aparentemente morto? Ou serão os ziguezagues nos vídeos dos monitores, que indicam a presença de ondas cerebrais?

Confesso que, na minha experiência de ser humano, nunca me encontrei com a vida sob a forma de batidas de coração ou ondas cerebrais. A vida humana não se define biologicamente. Permanecemos humanos enquanto existe em nós a esperança da beleza e da alegria. Morta a possibilidade de sentir alegria ou gozar a beleza, o corpo se transforma numa casca de cigarra vazia.

Muitos dos chamados "recursos heróicos" para manter vivo um paciente são, do meu ponto de vista, uma violência ao princípio da "reverência pela vida". Porque, se os médicos dessem ouvidos ao pedido que a vida está fazendo, eles a ouviriam dizer: "Liberta-me".

Comovi-me com o drama do jovem francês Vincent Humbert, de 22 anos, há três anos cego, surdo, mudo, tetraplégico, vítima de um acidente automobilístico. Comunicava-se por meio do único dedo que podia movimentar. E foi assim que escreveu um livro em que dizia: "Morri em 24 de setembro de 2000. Desde aquele dia, eu não vivo. Fazem-me viver. Para quem, para que, eu não sei...". Implorava que lhe dessem o direito de morrer. Como as autoridades, movidas pelo costume e pelas leis, se recusassem, sua mãe realizou seu desejo. A morte o libertou do sofrimento.

Dizem as escrituras sagradas: "Para tudo há o seu tempo. Há tempo para nascer e tempo para morrer". A morte e a vida não são contrárias. São irmãs. A "reverência pela vida" exige que sejamos sábios para permitir que a morte chegue quando a vida deseja ir. Cheguei a sugerir uma nova especialidade médica, simétrica à obstetrícia: a "morienterapia", o cuidado com os que estão morrendo. A missão da morienterapia seria cuidar da vida que se prepara para partir. Cuidar para que ela seja mansa, sem dores e cercada de amigos, longe de UTIs. Já encontrei a padroeira para essa nova especialidade: a "Pietà" de Michelangelo, com o Cristo morto nos seus braços. Nos braços daquela mãe o morrer deixa de causar medo.


Texto publicado no jornal “Folha de São Paulo”, Caderno “Sinapse” do dia 12-10-03. fls 3.