Luiz Antonio Caseira
Vivemos em um mundo de velocidade. Em todas as áreas da vida humana o fator “menor tempo” é essencial. Computadores fazem cálculos à velocidade da luz, carros e aviões estão cada vez mais velozes e até na culinária o tempo foi abreviado: alimentos cozidos em fornos de micro-ondas levam a metade do tempo para ficar prontos. A rapidez com que tudo acontece e chega a nós através dos meios de comunicação também nos pressiona a correr.
A pressa nos leva a um constante estado de tensão; estamos sempre em estado de alerta, como se vivêssemos um filme de suspense contínuo. Não sabemos o que nos aguarda na próxima cena, por isso ficamos em expectativa constante.
Este estado coloca-nos sob pressão e, como consequência, entramos em ansiedade e até depressão. Algumas vezes o quadro de tensão é agravado pelo medo: medo do desemprego, da perda do cônjuge, ou filhos, da solidão, da violência, do trânsito, da morte, de enfermidades, de crise financeira, da justiça e da injustiça, da falência, do homem e até mesmo do próprio medo. Muitos acabam se tornando realmente viciados em fazer tudo com pressa e deixam de aproveitar os momentos agradáveis da vida. Queremos sair desse círculo vicioso, mas não conseguimos.
Várias doenças que “explodem” no organismo humano sem causa aparente são resultantes dessas tensões e pressões. Cerca de seis entre dez pacientes de Clínica Geral saem dos consultórios com receitas de tranquilizantes. São pessoas extremamente preocupadas com tudo e todos; que veem apenas o lado negativo das coisas, sem perspectiva de vida. Estão desgostosas com elas mesmas e com os que as cercam, vivem ansiosas quanto ao dia de amanhã. Algumas exteriorizam estes sintomas e são chamadas de nervosas, histéricas, etc. Outras tentam escondê-los, mas devido à necessidade do organismo em extravasá-los, eles se manifestam através de algum órgão em forma de enfermidade.
É difícil para muitos acompanhar os noticiários de TV – rebelião de presos, assalto com sequestro, escândalos, aumento de preços, recessão, greves, manifestações, etc. Parece que nada de bom acontece no mundo.
O primeiro passo no processo de recuperação reside na identificação dos motivos geradores da ansiedade. Quem sabe haja insônia e irritação sem, no entanto, uma explicação aparente. Analisando a área profissional, percebe-se que se está trabalhando sem descanso há anos. Sem dúvida alguma, neste caso, o “tirar férias” seria um fator de alívio e equilíbrio para o indivíduo.
Sejamos ainda mais práticos: você e sua família têm desenvolvido novas amizades? Separado tempo para o lazer? A vida não pode ser feita somente de trabalho e igreja. O lazer saudável influencia grandemente nosso viver. Que tal um piquenique no feriado? Ou um passeio no parque para “renovar” o ar nos pulmões? Seja criativo! Faça pequenas surpresas à família.
Muitas vezes tensões são causadas por problemas de saúde, de relacionamentos em geral, etc. Uma vez feita a identificação dos motivos, devemos analisá-los na presença do Senhor, expondo-os abertamente. Ainda debaixo de oração procure os meios mais práticos para enfrentá-los. É inegável que existem situações em que toda lógica existente, planejamentos e ação tornam-se inúteis. Precisamente nessas horas devemos colocar coração e mente firmados nas promessas do Senhor, em humildade e contrição reconhecer nossa incapacidade de lidar com o problema e, tal qual uma criança, nos lançarmos nos braços amorosos do Pai, sabendo que Ele é perfeitamente capaz de nos guiar e orientar.
Encontramos na Bíblia esperança e conforto (Salmos), orientações práticas para o viver diário (Provérbios), atuação de Deus na vida de pessoas como nós (Daniel), preciosas promessas que incentivam a prosseguir (Isaías). A Palavra de Deus contém ensinamentos que abrangem a vida do homem integral. Seja curioso! Busque diligentemente conhecer a vontade de Deus revelada nas Escrituras.
Levados pelo vício da pressa em nosso dia a dia nós deixamos de nos apropriar, e de colocar em prática, promessas preciosas ali registradas para que as utilizemos cotidianamente. Uma delas encontra-se em Filipenses 4:6-7: “Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com ações de graça, apresentem seus pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus”.
Vemos neste texto que, se levarmos até Deus a ansiedade do nosso coração, teremos paz duradoura, independentemente das circunstâncias. Então... Parar na presença do Senhor, aquietar nosso coração e conversar e caminhar com Ele é o melhor remédio para desacelerar, “desintoxicar” e manter o ritmo certo para a caminhada!
Luiz Antonio Caseira é Médico Fisiatra e foi professor do curso de medicina da Universidade do Rio de Janeiro. É o vice-diretor da Missão Vencedores por Cristo. É casado e tem dois filhos.
(É permitida a reprodução total ou parcial do conteúdo do material editorial publicado, desde que citada a fonte e com autorização prévia e documentada da REVISTA LAR CRISTÃO)
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